Eu sou dessas que se apaixona fácil. Basta meia dúzia de palavras, algumas conversas jogadas fora, um livro em comum, e um sorriso assim, sem porque. Eu sou dessas que se entrega demais, que se envolve demais. Se apega demais. Se doa demais, se dói demais. Chora demais. Eu sou sim. Eu gosto de ser assim. Eu me calo demais, e quase não digo nada. Eu gosto de observar quando pousa os olhos em mim. E me olha comer. Sempre tive horror de quem me comer, mas de você não. Sempre fui cautelosa em comer, e não deixar derramar pra fora do prato, mas perto de você não. Sempre tive medo de não saber como fazer, mas com você não. Eu realmente não sabia que minhas narinas se abriam levemente enquanto eu rio, e não me incomodei quando você disse. Além disso, sempre tive vergonha da minha risada, mas gargalho mais alto que o comum quando você está por perto. São coisas assim, simplórias que me fazem sentir como se te conhecesse a mil anos luz. São coisas assim que me doem aqui, quando eu não posso ter o nosso fim de semana. Eu sei que você não se doa demais, que você não se permite muito. Que você é reservado. Você fala sobre tudo, exceto sobre quais são os seus pensamentos. Você não diz quase nada também, menos do que eu até. E aí a gente fica mudo, mas eu gosto de te ter por perto, mesmo que seja pra ficar mudo. Só pra ver você dormir, e resmungar enquanto sonha. Só pra saber que tá ali na sala, ou na cozinha. Só pra saber que está por perto, e que se eu gritar você ouve. Só pra saber que tá respirando aqui perto do meu pescoço. Só pra saber que o que tá fazendo. Eu gosto de te ter por perto, só pra poder deitar no seu colo, e você bagunçar meu cabelo. Só pra te ter, aqui. Eu gosto de assistir filme, como todo fim de semana, só pra te ter aqui perto. Só por saber que você tá aqui. Eu gosto de ver rir, porque sem porque alguma coisa ri aqui dentro também. Porque se eu não te tenho, como de costume, eu fico mal. Mal acostumada, mal de alma, mal de coração, mal de cabeça, mal de mim. Porque se eu não te tenho aqui, por perto, eu me perco. Se eu não te tenho aqui, eu não sei o que fazer. E eu fico mal. Mal. Chata. É, eu fico sim.
domingo, outubro 23, 2011
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