Era um dia aparentemente normal. Acordei com o mesmo pensamento, o mesmo sorriso a estampar vez ou outra ao me pegar relembrando dos teus olhos, e da nossa sincronia a medida que caminhamos. Era um dia normal. Apesar da minha intuição sussurrar baixinho, que algumas coisas não estavam legais, resolvi não encafifar. Mesmo sabendo que eu sou daquelas, que quando encafifa não consegue pensar outra coisa, dizer outra coisa, chorar outra coisa, lamentar outra coisa. Querer resolver tudo logo. Se livrar do nó na garganta. Berrar pra Deus e o mundo, que não quer mais saber disso. Apesar de gritar, qualquer baboseira, continuei a sorrir ao cambalear até o banheiro, e pedir aos segundos que passassem logo, que o dia acabasse logo, e clamar pelo fim de semana. Afinal, você estava errado, não passam rápido. Nenhum tempo com a tua ausência é rápido. De qualquer forma, segui aos meus afazeres, imaginando você segurando minha mão. Sonhando que você estaria me esperando lá fora. Criando falas suas pra me fazer sorrir. É, pode dizer que sou uma desvairada. Antiquada, e bobalhona. Eu sou. E nasci sabendo que não estava na época certa. Que as pessoas daqui não são como eu, ou para soar melhor, eu não sou como elas. Eu não quero me apresentar, eu não quero glória, eu não quero idiotice, eu não quero folia, eu não quero bagunça, ou gritaria. Diversões e alegrias pra mim, é muito além dessas coisas que costumam ser feitas, e acabam por me causar enojamento. Reviro os olhos com desaprovação. E eu acreditava que você pensava de maneira semelhante, não igualitária. Somente semelhante.
Segui aos meus compromissos, e então senti uma felicidade que vinha não sei de onde. Estranhei. Dei de ombros, e continuei a cantar no meu último volume. Afinal, apesar das coisas não estarem do jeito que queria que estivesse, eu tinha você, minha melhor música, e o fim de semana chegando. Fechei os olhos com força, e me esqueci de tudo que me consumia. Os meus minutos estavam contadíssimos, e sem aproximação. Exatos. E então, aquelas palavras de modo tão sem propósito algum, me contaram seus atos. E você agia como se eu não te conhecesse. Como se você fosse outro. E eu estivesse diante de um ser tão estranho que me causava náuseas, medo, e coisas do tipo. Tremi. Raiva. Insegurança. Eu sou a bobalhona, lembra? E idiota. Sem problemas. Eu sou mesmo, sou a que se cala, e não sabe o que fazer. Chorei. Isso não é novidade. Talvez você tenha percebido pelo meu tom ao telefone. Talvez tenha imaginado o modo como apertava-o com força contra meu rosto molhado. Talvez tenha me visto com os olhos cerrados, enquanto me afogava entre um soluço e outro. Minha voz falhou. Você fez aquela pausa, sua. O ar de desentendido. E não imagina como é cortante escrever isso. Me pergunto, o porquê de ainda me trancafiar em palavras se isso não alivia-me em nada. Eu também não sei qual seria a resposta certa, talvez porque as palavras são as únicas que conseguem me ouvir, ainda. Aquelas que sempre estarão aqui, sempre que eu precisar. De algum modo, isso seria tudo, ou quase tudo que de diria se você estivesse agora por perto.
Diante dos fatos, eu descobri tanta coisa, mais tanta. Coisas que eu gostaria de não saber, de que não existissem. Talvez, diante dos fatos, você perceba que eu sou mais do que ciumenta e dramática. Mas meu caro, eu sou só assim diante dos fatos. Quando as evidencias são claras demais. Eu tenho visto um lado seu, que não me fez nada bem. Me surpreende estar escrevendo sobre isso. Não sei como consegui comer, ou dormir. Noite passada, sonhei com desavenças nossas. Dito e feito. Agora eu estou aqui, chorando palavras, e você aí não sei onde. Talvez tenha se esquecido do acontecido, também pudera, tenho me lembrado por nós dois. Nós dois. Nós dois. Dois. E qualquer que seja o que se passa aqui dentro, eu espero que passe logo. Que suma logo, que me deixe a sós, com você. E que você melhore, que eu melhore, que nós dois melhoramos. Que eu pare de chorar de vez. Porque já não aguento, coração, cérebro, e cabeça doendo.
P.S: são somente fatos, então especulações sobre até que ponto pode ser verdadeiro ou fajuto, a parte.
Oi flor, está apaixonada???
ResponderExcluirQue fofa.
Adoro seus textos... toda inspiradinha.
Queria saber quem é o broto... kkkkkkkkkkkkkkkk
ou melhor, o sortudo.
bjos linda!
Pois é um texto, pode ser pessoal ou não.
ResponderExcluirMas está mtº. bem escrito.
Beijinho/Irene